Os grandes vilões do parto vaginal



Provavelmente você mulher, já deve ter ouvido da tia, da mãe, da avó, da amiga ou da tia da prima da vizinha comentários monstruosos ou sofridas histórias de partos vaginais doloridos e com final infeliz, em que a mulher sofreu horrores para dar a luz, ou conhecem algum bebê que ficou com alguma sequela em consequência do parto vaginal. São essas histórias aliadas a mais nova tecnologia da medicina moderna do parto indolor – a famosa cesariana- que fazem as mulheres desacreditarem no seu próprio corpo. 

Na maioria das mulheres entrevistadas para esse post, a primeira coisa que vem a cabeça delas quando o assunto é parto é DOR = parto normal, seguido de alivio = cesariana. 

A falta de informação sobre o evento parto gera um grande mito sobre o desconhecido, no qual as consequências são perigosas como o medo. Esse, é um inimigo muito forte para a mulher, desencorajando-a a assumir um papel fundamental que a natureza atribuiu a ela, o parto fisiológico. 

Pensando na segurança desses bebê e no empoderamento dessas mulheres, reunimos aqui alguns MITOS do parto vaginal. 

Vamos começar o líder do rancking mundial de mitos: 

“Falta de Dilatação”

A fata de dilatação como diz meu amigo padre Quevedo - no ecxiste! O que existe são mulheres chegando em pródomos (contrações de treinamento ou falso trabalho de parto) nos hospitais. Com esse quadro, acrescentamos o atendimento frio da assistência a parturiente, com as luzes fortes e a cobrança de que ela precisa fazer o SEU papel de dilatar rapidamente. Sem um verdadeiro trabalho de parto e um ambiente aconchegante é difícil dilatar assim. 

Você sabe como acontece fisiologicamente a dilatação? 

O colo uterino durante toda a gestação é grosso e alto. Conforme a gestação vai chegando ao fim, a tendência do colo é diminuir, afinar para sim poder dilatar. Em uma indução, se for colocado ocitocina sintética em uma mulher com colo grosso o processo será lento e muito doloroso, perigando essa dilatação não acontecer, pois é necessário trabalhar o colo para então poder dilatar. 

Medo da dor

Como já vimos no começo do post, toda mulher grávida já ouviu alguma história macabra sobre a dor do parto e suas consequências. Com isso, ela está tão desencorajada a passar pela dor que ela mesmo se priva de entender e compreender essa tal dor. A natureza é sábia, o parto acontece em intervalos, deixando um tempo para a mulher respirar, se recuperar da tal dor. Se nesse momento há alguma tensão da mulher por passar pela dor, o organismo libera um hormônio (adrenalina) oposto ao que deveria liberar (ocitocina) atrapalhando todo a fisiologia do parto. A dor existe sim, muitas vezes beirando a insuportavel, porém basta a mulher saber lidar com ela. É uma dor prazerosa de vida! É uma dor momentanea, que passa assim que o bebê nasce. É uma dor que te transformará em uma nova mulher!

Bacia Estreita

Ora, ora, esse é mais um mito que os Doutores adoram usar. Se a mãe é pequena e o pai é grande, não significa que ela não seja capaz de dar a luz ao filho do casal de parto vaginal. Só podemos considerar tal probabilidade se houver uma desproporção céfalo-pélvica (cabeça do bebê grande demais para a bacia da mãe), mas isso só dá pra saber após a dilatação total.

Cordão Enrolado

Essa é uma das desculpas mais campeãs que a mulher pode ouvir. Os bebês se mexem dentro da barriga (ele está vivo), o cordão em algum determinado momento do campeonato irá enrolar na perna, no pescoço, no braço…. isso não é indicativo de cesariana. Ele não vai sufocar pois na barriga ele não respira.

Cesárea Anterior (VBAC -vaginal birth after cesarean) 

Esse requer alguma atenção. O minimo de tempo esperado para se ter um parto vaginal seguro é de dois anos após a cesariana. Pode ocorrer uma ruptura uterina (chances de 0,6%). Para se ter maior segurança o tempo máximo é com 5 anos após cesárea. 

Bebê não encaixou

Continuo elogiando a sabedoria da natureza, todos os bebês encaixam. Existem alguns que são teimosos e não querem encaixar, nada que alguns exercícios específicos e a paciência de esperar o tempo dele encaixar. Isso pode acontecer no trabalho de parto.

Bebê pélvico

Alguns se apresentam pélvicos (sentados). Nesse caso, há algumas manobras naturais como exercícios e um procedimento médico chamado versão cefálica externa. Ela deve ser realizada por uma equipe competente e que saiba faze-la. É feita a manobra por fora da barriga para que o bebê fique em apresentação cefálica. A maioria dos casos realizados na manobra são de sucesso. Procure um profissional competente para isso.

Passou do tempo

Uma gestação normal vai de 40 a 42 semanas. Se for necessário realizar algum tipo de intervenção nesse caso é feita uma indução de parto vaginal e não uma cesariana. Da mesma fora com que a medicina avançou no ramo cirúrgico, avançou também no parto normal. Mitos de vai passar da hora as mulheres ouvem diariamente. Isso não é indicativo de cesariana. 

Mecônio e Bolsa das águas

O mecônio é cocô do bebê. Alguns eliminam o mecônio durante o trabalho de parto. Outros eliminam antes. Só tem como saber se o bebê eliminou mecônio observando o liquido e o cheiro quando estoura a bolsa das águas. Se o liquido estiver clarinho, com cheiro de cândida é que está tudo bem. Se estiver com espessura papa de ervilha é preocupante. Nesse caso, se a ausculta fetal estiver normal é melhor que ele nasça de parto vaginal. Se estiver com ausculta comprometida (sofrimento fetal) é cesariana de emergência.

Líquido escuro

O mito do liquido é muito usado, porém o que é o liquido amniótico? É simplesmente o xixi do bebê. Quanto ao liquido, se estiver escuro pode ser presença de mecônio, mas a indicação da cesárea não é o mecônio e sim o sofrimento fetal. Isso é medido no cardiotoco.

Bolsa estourou e agora?

Se estiver tudo certo e nenhum sinal de trabalho de parto, segundo a OMS, o tempo máximo de espera é de 48 horas. Nesse tempo é necessário fazer ausculta fetal e US para segurança de mãe e bebê e não é indicativo de cesariana. Se a bolsa estourou em casa, com trabalho de parto ativo o ideal é avisar seu médico/parteira.

Existem também muitos outros mitos usados com menos frequência de desculpas esfarrapadas dos GOs de plantão.

Pouco ou muito liquido (se necessário indução e não cesariana, bebê grande, streptococos positivo (profilaxia no TP); bebê engolindo líquido; vagina apertada, músculos sedentários; mães jovens; mães velhas (antes dos 40); unha encravada; trabalho de parto noturno; hereditariedade e mais um monte de desculpas desconhecidas por mim, e ouvidos por muitas!

Divida aqui suas experiências!


Texto Original Publicado em 18/04/2012

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