Passava
das 3h da madrugada quando tivemos a certeza de que era mesmo trabalho de
parto, porque minha bolsa estourou. Ficamos muito nervosos, já que o Gustavo
foi acordado com a frase: - "Amor, minha bolsa rompeu!" E sabíamos
que naquele dia, a equipe que assistiria nosso tão sonhado Parto Domiciliar
estaria viajando.
A
adrenalina tomou conta - O Gustavo caminhava pelo quarto perguntando o que
fazer, e eu com os olhos estalados, não conseguia lhe dizer nada - Mas logo ela
baixou, dando espaço para a oxitocina. Assim que entramos no chuveiro,
percebemos o aumento das contrações e pensamos juntos que era hora de ligar pra
nossa Doula...
15
minutos depois, ali estava ela pra nos acalmar e orientar, com sua voz suave e
aparência tranquila, passando-nos muita segurança. Ela preparou todo o ambiente
enquanto o chuveiro fazia seu papel no trabalho de parto. Ao entrarmos no
quarto nos deparamos com um clima muito agradável; velas, música e uma
delicada flor, que ela trouxera do seu jardim, compunham o espaço.
As
contrações aumentavam, e com suas orientações fizemos diversas posições até
encontrar a mais confortável, nos ajudou a usar a bola, fez massagens
e aplicou compressas. E claro, nos deu muito carinho e atenção, que foram
fundamentais para nos fortalecer.
Mesmo
não tendo nossa equipe perto e sabendo que chegaria o momento de ir para o
hospital, o apoio e a presença da nossa doula nos deixou muito confortáveis.
Ela sabia o que queríamos e poderia nos ajudar a tomar a melhor decisão.
Dessa
forma, com a mamãe na "Partolândia" (Alteração de consciência ocasionada pelos altos níveis hormonais durante o parto natural) o trabalho
de parto só evoluía... Até que chegou a hora de decidirmos e nos
encaminharmos ao hospital. Por volta das 6:50 da manhã saímos de casa, rumo ao
hospital de Clínicas de Porto Alegre.
No
carro tudo parecia mais tranquilo. Quando no meio do caminho disse: "Lizi,
tá nascendo!" O papai e o vovô - que dirigia o carro - se assustaram
bastante nesse momento... Então, mais uma vez ela nos acalmou, olhou, e tocou
suavemente entre minhas pernas, e disse que estava tudo acontecendo
perfeitamente. Ele estava perto, mas ainda faltava. Parecia que ela sabia a
missão que lhe aguardava...
Chegando
ao hospital, bastaram alguns passos fora do carro e ali mesmo nasceu o Miguel.
Eu não queria hospital, ele não queria hospital, nós não queríamos hospital,
ninguém queria! Tínhamos um trato, e nós cumprimos. Nós conseguimos!
Mamãe
avisou: “Vai nascer!” E ali estava ele. Papai pediu ajuda da doula e eles
assumiram suas posições. Enquanto ele me apoiava pelas costas ela se ajoelhou
no chão, para aparar com suas mãos o nosso anjo Miguel.
Parto
Normal? Parto Humanizado? Parto Natural? Não. Parto Divino!
Miguel
veio ao mundo pela força maior do destino. Sua Madrinha, Liziane, foi a
primeira pessoa a tocá-lo. E imediatamente colocou-o nos braços de sua
mãe.
Bom,
esse pequeno resumo do nosso trabalho de parto - que pouco foi filmado mas, que
cada instante, ficará pra sempre em nossas mentes - é uma das formas que
encontramos de agradecer, a nossa Doula, todos os ensinamentos, cuidado,
acompanhamento, paciência, conversas, exercícios e à cima de tudo o amor que
contaminou a nós e ao nosso filho.
Lembramos
como se fosse hoje o círculo de energia feito no chá do Miguel. A Oxitocina
contagiou todos que estavam ao redor. Naquele momento, ele escolheu a pessoa
que o receberia nesse mundo.
Obrigada,
Lizi! Seremos eternamente gratos por tudo o que fez por nós e por nosso filho.
Te
amamos muito!
Zanda,
Gu e Miguel
Porto
Alegre, 14 de Maio de 2014
Linda história!!
ResponderExcluirParabéns para todos!!! :D
Viva o Miguel!
<3
ResponderExcluirNao canso de ler, de me emocionar. Que delicia!
ResponderExcluirSomos duas!
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